Diclofenaco Injetável
O diclofenaco é um anti-inflamatório não esteroidal (AINE), com ação analgésica e anti-inflamatória, amplamente receitado desde a década de 1980. Pode ser comprado sem prescrição médica, pois ela não é exigida nas farmácias e drogarias do País.
Antes de serem colocados à venda, todos os medicamentos passam por um longo período de pesquisas. No Brasil, após a aprovação do registro para venda, os medicamentos devem apresentar uma série de documentos, dentre os quais a bula, em que as possíveis reações adversas identificadas são listadas. Após o inicio da comercialização, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) continua monitorando os medicamentos, através do recebimento de notificações de “reações” aos produtos (efeitos adversos) que podem ser feitas tanto por profissionais de saúde como pelos próprios pacientes. Esse procedimento tem o nome de Farmacovigilância.
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Na bula do diclofenaco, os efeitos cardiovasculares são informados tanto na versão profissional2 como na versão para o paciente.3 Esses efeitos podem ocorrer particularmente com doses elevadas usadas por um longo período, podendo estar associados ao aumento do risco de eventos cardiovasculares graves (incluindo infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral). Na bula, também consta que o diclofenaco não é recomendado a pessoas que tenham doença cardiovascular estabelecida (insuficiência cardíaca congestiva, doença cardíaca isquêmica, doença arterial periférica) ou hipertensão não controlada. Sendo assim, a investigação das condições de saúde dos pacientes, antes da prescrição de diclofenaco (ou outros AINEs), é uma medida extremamente importante, para a avaliação do risco-benefício para a saúde desses indivíduos.
Os riscos das reações adversas já são bem conhecidos e caracterizados pela ciência. 4, 5, 6 O estudo mencionado7 na matéria não é o primeiro a mostrar esses efeitos, mas traz como diferencial o objetivo: avaliar o risco de doenças cardiovasculares iniciadas pelo uso de diclofenaco em comparação com outros medicamentos tradicionalmente usados, como paracetamol, ibuprofeno, entre outros.
Portanto, é VERDADEIRA a afirmação de que “o diclofenaco pode causar problemas cardiovasculares, segundo um estudo”, MAS esse efeito adverso já era amplamente conhecido, o que não fica claro no título da reportagem.
Além disso, vale ressaltar que o objetivo da pesquisa citada pela “Revista Encontro” era a comparação de riscos associados ao uso de diferentes analgésicos e alterações cardiovasculares, uma vez que as reações adversas a essa classe de medicamentos já era conhecida. Dessa forma, apesar da informação ser verdadeira, o enfoque da matéria carece de contextualização.
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